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Independência da América espanhola

Antecedentes 

A independência das colônias sofreu uma grande influência de acontecimentos externos, ou seja, eventos ocorridos na Europa e na América do Norte colaboraram para a luta pela liberdade.

As ideias iluministas mostravam aos colonos que era possível ter liberdade, além de formas diferentes de governo. A independência das Treze Colônias (1776) animou-os, pois, se esses colonos revoltosos conseguiram se tornar independentes da Inglaterra, a nação mais poderosa da Europa, outros colonos também conseguiriam se libertar de sua metrópole, no caso específico a Espanha, considerado um Estado em decadência. A Revolução Francesa mostrou que era possível mudar a forma de governo, estabelecendo a igualdade perante a lei entre todos os cidadãos.

Além disso, a Inglaterra apoiava o desejo de independência dos colonos americanos, pois a sua produção industrial aumentava cada vez mais, e as fábricas inglesas precisavam encontrar mais mercados consumidores. Se as colônias se tornassem Estados independentes, a Inglaterra poderia comercializar livremente com elas.

Um dos fatores que acelerou o processo de emancipação das colônias espanholas foi a invasão da Espanha pelas tropas de Napoleão Bonaparte. Com a invasão, houve o afastamento do rei Fernando VII do trono e, em seu lugar, assumiu o irmão de Napoleão, José Bonaparte, a fim de preservar os interesses do imperador francês.

Durante o governo de José Bonaparte, houve uma diminuição do controle sobre as colônias, além de demonstrações de desagrado dos colonos em relação ao novo governante estrangeiro: não cumpriam suas ordens, não pagavam impostos e não respeitavam os monopólios (produtos que eram de exploração exclusiva do governo espanhol). Dessa forma, estavam rompendo com o pacto colonial.

Em 1813, o rei Fernando VII reassumiu o poder e tentou restabelecer a antiga dominação existente. Como os colonos, principalmente os criollos, haviam lucrado muito durante o período em que o pacto colonial foi desrespeitado, eles passaram a lutar para manter os seus privilégios. Estava começando o processo de independência das colônias espanholas.

Pacto colonial: elemento da política mercantilista que determinava que a colônia só poderia comercializar diretamente com sua metrópole e só poderia produzir o que a metrópole não produzia. Dessa forma, o objetivo da colônia era enriquecer a sua metrópole.

As lutas pela independência no México

Ao contrário das demais regiões da América espanhola, em que a luta pela independência foi conduzida por Criollos, no México ocorreu a participação de grupos sociais religiosos, indígenas e mestiços. O movimento foi iniciado em 1810, sob o comando do padre Miguel Hidalgo. Cerca de 60 mil pessoas marcharam em direção à Cidade do México, mas, devido à falta de organização, acabaram sendo derrotados. Os remanescentes foram reorganizados pelo Padre Morelos e proclamaram a independência do México em 1813, a qual não foi reconhecida. Morelos foi preso e fuzilado em 1815.

Para sufocar o movimento, o enviado do vice-rei, Augustin Iturbide, firmou o Plano de Iguala, em 1821, assegurando a independência do México, direitos iguais para espanhóis e Criollos, supremacia da religião católica e a manutenção de Fernando VII, rei da Espanha, como rei do México. Mas o rei espanhol recusou o cargo e o próprio Iturbide proclamou-se imperador do México. Os monarquistas mantiveram-se no poder até 1854, quando, com a Revolução de Ayutla, grandes proprietários de terras apoiados pelos militares os destituíram do poder. Assim, o México se tornou um estado federativo, sem a intervenção da igreja na política e com tendências liberais.

A América Central manteve-se unida ao México até 1823, quando se tornou independente com o nome de Províncias Unidas da América Central. Posteriormente, fragmentou-se em pequenas repúblicas: Guatemala, Costa Rica, Honduras e Nicarágua. O Panamá fez parte da Colômbia até 1904.

Colônias espanholas da América do Sul

Na cidade de Buenos Aires, o movimento de independência iniciou-se em 1810, quando uma Assembleia formada por Criollos extinguiu a autoridade do vice-rei e criou a Junta Governativa. Contudo, a independência só ocorreu em 1813, quando a Assembleia nacional transformou o antigo Vice-Reino do Prata em Províncias Unidas do Prata. Em 1811, foi declarada a independência do Paraguai, tornando-se a primeira nação independente da América do Sul. O Uruguai foi incorporado ao Brasil como Província Cisplatina, conseguindo a sua independência somente em 1828, quando se tornou República Oriental do Uruguai.

Após as derrotas frente às forças espanholas (1810 a 1814), Bernardo O’Higgins tomou a liderança do movimento de independência do Chile, que conseguiu libertar-se em 1818, com o apoio das forças militares de José de San Martín.

Após libertar o Chile, as tropas de San Martín foram para Lima, no Peru. Lá se encontrava o centro da reação espanhola, uma ameaça às forças coloniais e às recém-independentes Províncias Unidas do Prata. Com o apoio das forças inglesas, as tropas de San Martín, constituídas por argentinos e chilenos, proclamaram também a independência do Peru.

A Venezuela tentou declarar a sua independência três vezes. A primeira foi em 1811, quando o movimento liderado por Francisco Miranda foi duramente reprimido pelas forças militares espanholas, comandadas pelo General Pablo Morillo. A segunda tentativa foi comandada por Simon Bolívar, em 1813.

Entretanto, com a restauração da coroa espanhola e a tentativa de reimplantar o pacto colonial em suas colônias americanas, a Espanha enviou um exército de 10 mil homens, recuperando o controle sobre Nova Granada e a Venezuela. Foi somente em 1819 que os exércitos de Bolívar conseguiram expulsar os espanhóis de Nova Granada, a qual se tornou República da Gran-Colômbia. E apenas em 1821 a Venezuela foi libertada e se tornou independente do governo espanhol.

Nesse período, as forças de Bolívar e San Martín encontravam-se em Guayaquil (Equador). Lá foram discutidos os principais projetos dos dois líderes da independência da América espanhola:

Bolívar sonhava com uma América unificada e republicana, enquanto San Martín achava que cada região deveria constituir-se num país, adotando a forma monárquica de governo, sendo seus monarcas indicados por dinastias europeias. As divergências afastaram os dois líderes. Enquanto San Martin se refugiou na Europa, Bolívar enviou tropas ao Alto Peru, sob o comando do General Sucre, para destruir os últimos redutos de espanhóis na América do Sul. Vitorioso, em 1825, Sucre proclamou a independência da Bolívia.

As Antilhas, a parte ocidental da ilha do Haiti, sob domínio francês, tornou-se independentes em 1804 com a liderança de Jacques Dessalines, fundador da República do Haiti. A parte oriental da ilha, que pertenceu à França e voltou à Espanha em 1809, tornou-se independente em 1821, mas acabou caindo sob domínio dos haitianos. Em 1844, tornou-se definitivamente independente, com o nome de República Dominicana.

Cuba libertou-se do domínio espanhol em 1898, sob a proteção dos estadunidenses, que dominaram a ilha até 1902, quando se estabeleceu em Cuba o regime republicano. Porém, os Estados Unidos conservaram o direito de fiscalização em Cuba até 1934.

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